No dia 7 de novembro, a Paróquia Santo Antônio de Pádua, do Setor Negrão de Lima, em Goiânia, promoveu um Diálogo Ecumênico sobre a Carta Encíclica Laudato Si’, do papa Francisco, que reuniu estudiosos, professores, representantes do poder público e de outras denominações religiosas, advogados e a sociedade civil, para debater o roteiro do documento, lançado em 18 de junho deste ano. O evento também está em sintonia com a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016 (CFE-2016), cujo tema é “Casa comum, nossa responsabilidade”.

Conforme explicou o idealizador do diálogo, padre Alaor Rodrigues, “teve o objetivo de conscientizar, à luz da fé, da Palavra de Deus e da teologia sobre a nossa responsabilidade no cuidado com a casa comum e toda a vida que ela abriga”. De fato o evento foi um “pontapé inicial” que atendeu ao pedido do papa para que a conscientização ecológica parta das comunidades, ou seja, do local para o global.

O reitor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC GO), prof. Wolmir Amado, apresentou os elementos gerais da Carta Encíclica, como fez na Reunião Mensal de Pastoral do dia 10 de outubro, no Centro Pastoral Dom Fernando (ed. 74). “Esta encíclica é um documento de linha social da Igreja, que carrega a marca da espiritualidade franciscana, direcionada a todos os habitantes do planeta, inclusive os ateus, e é a primeira na história da Igreja com enfoque ecológico e visão integrada sobre questões sociais e ambientais”, enfatizou aos presentes na Paróquia Santo Antônio.

Wolmir ainda destacou que o mundo está à beira de um colapso ambiental que precisa ser revertido e apontou o que impede a humanidade de desenvolver ações eficazes para esse fim. “O problema é que ninguém quer abdicar dos padrões de consumo; a juventude, por exemplo, é sensível à causa, mas é a parcela da população mais presa à cultura do consumo”. O capitalismo também, segundo ele, é outro desafio. “Nenhum governo quer assumir compromissos porque não quer renunciar ao seu modelo econômico, mas o papa já disse que não tem como tratar da questão ambiental sem tocar na economia”. A partir da teologia da criação, o reitor reafirmou o papel do homem no mundo. “Deus nos colocou aqui para sermos guardiões da terra e não dominadores; quando rompemos com a natureza, também rompemos com Deus e por isso precisamos partir para a conversão ecológica que passa pela educação ambiental”.

Salvar o Rio Meia Ponte

Após a apresentação do prof. Wolmir Amado, cada debatedor fez suas colocações em três minutos. Um dos destaques que teve ampla adesão dos presentes foi a proposta de criação de um grupo de trabalho com o objetivo de desenvolver ações concretas para salvar o Rio Meia Ponte, que fica nas imediações do Setor Negrão de Lima, e sofre com a poluição desenfreada, bem como lançar mão de atitudes que visam a superação da cultura do descarte reaproveitando os mais diversos materiais. O evento vai virar um documento em livro e em vídeo e a paróquia, a partir de diversas moções, frutos dos anseios da comunidade, promete pressionar em 2016, durante a vigência da CFE, o poder público e a sociedade pela conscientização ecológica.