A família Vicentina se espalhou por todo o mundo e hoje está presente em 148 países. O seu papel é evangelizar e cuidar com ações de caridade das famílias que mais precisam. Na Arquidiocese de Goiânia, 193 grupos levam adiante esse trabalho. Conheça.

Levar a Palavra de Deus às famílias e o “pão” às pessoas que mais precisam. Esse é o lema dos integrantes da Sociedade São Vicente de Paulo (SSVP), obra social que tem mais de 170 anos no mundo e está presente no estado de Goiás há 76.

Na Arquidiocese de Goiânia, a primeira conferência ou grupo foi fundada em 1938; hoje existem 193 conferências (grupos) e cinco conselhos centrais, sendo Vicente França Ferreira, de 49 anos, presidente do Conselho Metropolitano.

“Nosso trabalho é manter os membros praticando uma vida verdadeiramente cristã, por meio da oração e da meditação da Palavra de Deus e mantendo a fidelidade à Igreja, mediante exemplos e conselhos mútuos”, disse.

Além disso, é dever dos Vicentinos, segundo manda a regra universal da obra, desenvolver obras caritativas e visitar os pobres em seus domicílios levando-lhes socorros espirituais e materiais.

Para conhecer de perto o trabalho desenvolvido pelos vicentinos, a nossa reportagem visitou o Conselho Particular da Paróquia Bom Jesus, no Setor Jardim Novo Mundo, na capital, integrado por quatro conferências, sendo uma do Setor Bela Vista. “Hoje nós assistimos 100 famílias, já cadastradas, por meio de evangelização, cestas básicas e ajuda na construção de moradias, tudo feito com doações”, explicou a consócia Maria José.


Sr. João Batista Moreira Neves (camisa azul), é vicentino há mais de 30 anos
No alto dos seus 90 anos, o Sr. João Batista Moreira Neves, é vicentino há mais de 30 anos. Com o dom da carpintaria, ele dedica o seu tempo confeccionando cadeiras de madeira para doar às famílias. “Já distribuí mais de três mil cadeirinhas para as pessoas”, comenta. Ele também arrecada alimentos e enxovais para bebês, com a filha Rita de Cássia, que mantém uma ação colaboradora em prol da Sociedade São Vicente de Paulo.

Em uma breve visita, a nossa reportagem conheceu algumas pessoas que já foram beneficiadas com as ações dos vicentinos. Teresa Pereira dos Santos, de 78 anos, é uma delas. Há 15 anos ela ganhou uma pequena casa de quatro cômodos, construída pela SSVP. “Eu sempre sonhei com o meu cantinho e não tinha condições financeiras; os vicentinos apareceram em minha vida, fizeram esse trabalho e saí do aluguel”, conta com um sorriso no rosto.

Vicentinos no mundo

Em 45 mil grupos intitulados de Conferências, cerca de 720 mil membros, conhecidos como confrades (homens) e consócias (mulheres), os vicentinos estão espalhados em 148 países. A obra social começou com o jovem francês Frederico Ozanam e ajuda, há mais de 170 anos, milhões de pessoas no mundo inteiro. O santo, Vicente de Paulo, que viveu no século XVII, é o patrono da obra, sempre lembrado pela inspiração do amor a Deus e aos pobres e pela criação de diversas ações de caridade.

O maior número de vicentinos do mundo está no Brasil; aqui a instituição nasceu em 1872, com a Conferência São José, no Rio de Janeiro. O país conta com cerca de 250 mil voluntários, organizados em 20 mil Conferências e 33 Conselhos Metropolitanos. Além de homens e mulheres, as Conferências Vicentinas são formadas também por crianças e adolescentes. Os grupos se reúnem semanalmente para debater e sugerir maneiras de atender as famílias carentes, que são cadastradas após sindicância socioeconômica.

Luciamara Duarte Orsolon - Curso de Costura Industrial
A partir desta edição, o Jornal Encontro Semanal apresenta uma série de ações sociais que mudam e melhoram a vida das pessoas. São atividades desenvolvidas na Arquidiocese de Goiânia que visam colaborar para uma sociedade mais justa e igual para todos.

Há 56 anos, o Centro de Assistência Social de Campinas (Casc), iniciativa da Paróquia Nossa Senhora da Conceição (Matriz de Campinas) e Organização Não Governamental (ONG), de utilidade pública municipal e estadual, presta assistência e beneficência às pessoas necessitadas, nos planos social, educacional, cultural e assistencial.

O Casc é uma das várias obras sociais da Arquidiocese de Goiânia que o Jornal Encontro Semanal passa a apresentar. Tem como missão melhorar a qualidade de vida das famílias de baixa renda, buscando restaurar a dignidade, por meio de uma assistência contínua e responsável prestada nos diversos projetos existentes que assistem crianças acima de seis anos, adolescentes, jovens e idosos, além de pessoas em situação de rua e gestantes.

A coordenadora da ONG, irmã Maria José de Oliveira (Irmã Mazé), diz que são atendidas cerca de 1500 pessoas por mês, por várias atividades e ações como programas de apoio psicossocial às gestantes; projetos de assistência às pessoas em situação de rua e flanelinhas; oficinas de artesanato e promoção às famílias de baixa renda; doação de cestas básicas e remédios; bazar de roupas novas e usadas; assistência psicológica, psicopedagógica, fonoaudióloga, médica, nutricional e jurídica, e cursos de informática e costura industrial.

Para dar conta de tudo isso, colaboram mais de 50 profissionais voluntários e cinco funcionários contratados, entre eles os professores dos cursos de informática e de costura industrial que trabalham no Casc mediante uma parceria firmada com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

Além da parte técnica, a obra também preza a formação humana dos seus alunos, conforme explica Irmã Mazé. “Sabemos que outras organizações desenvolvem cursos excelentes na parte técnica, mas é de conhecimento de todos que eles também são muito caros e não contam com o cuidado que temos de formar as pessoas para a vida; o relacionamento que desenvolvemos entre alunos, professores e instituição é o nosso diferencial”.


Celma Aparecida da Silva Camilo, de 49 anos, trabalha na área administrativa da Secretaria de Educação do Estado. Decidiu fazer o curso de informática do Casc, após sentir dificuldades em desenvolver tarefas no computador. “Eu preciso fazer tarefas pontuais, mas não tinha familiaridade com a máquina”, conta. Depois de fazer o curso, que foi concluído no último dia 10, isso mudou. “Agora me sinto preparada e já tenho feito bastantes trabalhos que não conseguia antes; o curso superou minhas expectativas”, comemora.

No curso de costura industrial, chamaram atenção a disposição e os objetivos da aluna Armerinda Augusta Justina, de 63 anos. Ela já é bisavó e concluiu a formação para ensinar as netas que, devido ao trabalho, não têm tempo de estudar. “Nossa vida não para e precisamos ter fé, acreditar e ajudar aqueles que querem ter uma profissão; e eu estou aqui para ensinar minhas netas que querem ser costureiras profissionais”. Agora, ela pretende fazer o curso de modelagem no qual irá aprender a tirar medidas e cortar as peças para montar as roupas. Luciamara Duarte Orsolon, 35 anos, pretende montar o seu próprio negócio em breve. “O meu sonho, e do meu esposo, é montar a nossa empresa de confecção de roupas e agora falta pouco, pois com essa formação estamos vencendo mais uma etapa”, disse.

A professora do curso de costura, Maria de Lourdes, se emociona ao falar do trabalho social desenvolvido pelo Casc. “As pessoas que estão aqui precisam e, com a vontade que têm, conseguem vencer e entrar no mercado de trabalho; os cursos são muito bons e eu me sinto muito feliz em poder fazer parte de um projeto que muda a vida das pessoas”.

Como colaborar

O Casc não tem nenhum incentivo do Poder Público. Ele é totalmente mantido por  iniciativas próprias, como o bazar de roupas, e da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, do Setor Campinas. O Centro de Assistência Social fica na Rua Senador Morais Filho, Qd. 15, Lote 01, nº 884, no Setor Campinas, em Goiânia. Contatos: (62) 3533-5321. E-mail: cascmatriz@hotmail.com

Fotos: Caio Cézar


Cristãos e outras minorias religiosas têm poucas opções: a morte, renunciar à sua fé e se converter forçadamente ao Islamismo, pagar enormes quantias em dinheiro aos extremistas ou fugir. A última tem sido a mais viável. Até agora mais de 100 mil cristãos já deixaram os seus lares em busca de paz. “Felizes os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus” (Mt 5, 10-11)

“Fugimos dos bombardeios sem nada, apenas com a roupa que vestíamos. Andamos durante horas no escuro e as crianças choravam de fome”. Essa frase é o trecho do testemunho de uma jovem cristã, grávida e mãe de três filhos, em fuga por medo dos extremistas islâmicos no Iraque. Ao todo, mais de 100 mil cristãos tiveram de deixar os seus lares, fugindo da perseguição dos radicais. Em algumas localidades, para quem não consegue fugir, as opções são a morte ou a conversão forçada ao Islamismo ou o pagamento de enormes quantias.

Os cristãos e outras minorias religiosas, no Iraque e em outros países como Síria e Turquia, são os mais afetados pelo grupo Estado Islâmico (EI) denominação de postura radical e violenta que espalha o terror no Oriente Médio, com o objetivo de criar um estado sunita, em um território na fronteira do Iraque com a Síria, governado com base na lei islâmica, a Sharia.

Na visão do professor doutor Alberto da Silva Moreira, do Núcleo de Estudos Avançados Religião e Globalização, da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC GO), a conjuntura religiosa é considerada “catastrófica, de extrema calamidade e delicada”. Isso porque além do EI, os conflitos envolvem ainda outros grupos em todo o Oriente Médio. “Na Síria, enfrentam-se diversas facções muçulmanas; em Israel, temos o bombardeio de Gaza; no Afeganistão, os talibãs já declararam apoio ao EI”. Ele explica que as religiões, nesse cenário, tem um papel fundamental.  “Os líderes religiosos precisam assumir uma tarefa pedagógica urgente, que é educação para a convivência pacífica entre religiões. O caminho é a prevenção, é o estabelecimento de pontos de contato, de troca de visitas, de engajamento em comum em vista de problemas comuns”.

Dados das Nações Unidas apontam que o número de cristãos no Iraque diminuiu em 80% nos últimos dez anos, vítimas do grupo jihadista Estado Islâmico. O medo toma conta das principais cidades do Iraque e da Síria. Neste último, o grupo tenta tomar a cidade de Kobane, defendida com dificuldades por combatentes curdos (grupo étnico que se considera nativo de diversos países no Oriente Médio) que são inferiores em número e armamento.

A Turquia promete enfrentar o EI.  Enquanto isso não acontece, os curdos estão sendo massacrados. Idris Nahsen, um dirigente local curdo, fez a seguinte declaração à agência de notícias AFP. “Desde o dia 16 de setembro defendemos Kobane. Estamos sozinhos. Pedimos à comunidade internacional que se una a nós nesta batalha contra o terrorismo e nos forneça armas e munições”, disse. “É um massacre cometido diante dos olhos do mundo inteiro”, afirmou outra testemunha, Burhan Atmaca.
“O mundo permanece em silêncio enquanto os curdos são massacrados”, denunciou.

Assim que conquista um novo território, o EI impõe a interpretação radical do Islã como aconteceu no dia 10 de junho com Mossul, cidade que fica no norte do Iraque. Essa imposição é o que mais tem matado cristãos que se negam a abandonar a sua fé. O papa Francisco, por diversas vezes tem chamado a atenção da Comunidade Internacional acerca da perseguição aos cristãos. Ao patriarca da Igreja Católica Assíria do Oriente, Mar Dinkha IV, o pontífice declarou que aquele encontro era marcado “pelo sofrimento que compartilhamos, por causa das guerras que estão atravessando o Oriente Médio”. Ele disse também que “não há razões religiosas, políticas ou econômicas que possam justificar o que está acontecendo a centenas de milhares de homens, mulheres e crianças inocentes”.

A Comunidade Internacional tem trabalhado no sentido de conter o avanço do Estado Islâmico. A coalização liderada pelos Estados Unidos oferece logística e treinamento militar às tropas iraquianas. Para o professor e doutor em geografia humana, da Universidade Federal de Goiás (UFG), essa é uma postura “intermediária”, justamente porque a situação não é facilmente contornável. “Não intervir significa permitir a atuação de outros grupos radicais islâmicos; por outro lado, intervir pode significar um envolvimento caro e penoso no que se refere a perdas de vidas humanas e gastos militares”.

Os jihadistas, por sua vez, têm respondido com mais violência. No dia 14 de setembro, o EI reivindicou a terceira decapitação de um ocidental em menos de um mês. Por último aconteceu com o agente humanitário britânico David Haines, sequestrado na Síria. Um vídeo de pouco mais de dois minutos, intitulado “Uma mensagem aos aliados dos Estados Unidos”, os extremistas ameaçam executar outro refém britânico, Alan Henning.

Para o Arcebispo de Goiânia, Dom Washington Cruz, a perseguição chega a níveis humanamente insuportáveis. Ele lembra que de novo o mundo assiste às histórias que marcaram a vida cristã nas origens da Igreja, nos primeiros séculos. “Somente a força que provém de Cristo, Senhor da Igreja, faz que tantos leigos, religiosas, bispos, padres e diáconos continuem suportando pacificamente na própria carne tanto ódio, com espírito verdadeiramente evangélico”. Ele ressalta que a Igreja quer diálogo. “A Igreja não força ninguém a se converter ao Cristianismo, como o fazem algumas correntes radicais; o que queremos é uma relação de respeito, que, como sabemos, será resultado de um amplo processo de diálogo”.

Mesmo com as ações dos radicais islâmicos ganhando destaque mundial, o professor Hoffmann, da UFG, acredita que o EI não conseguirá destruir a diversidade cultural do Oriente Médio, muito menos se expandir por todo o mundo. “Dificilmente haverá um evento com características de genocídio, pois, prontamente a coalização de potências reagiria”. De acordo com ele, os extremistas querem o controle de pontos estratégicos e não grandes extensões de terras, o que segundo ele, é denominado “conflitos assimétricos”, ou seja, o objetivo dos radicais é envolver estados e atores não estatais.
O professor Alberto também acredita ser difícil o EI crescer, mas se isso acontecer, ele diz que o grupo pode possivelmente formar uma unidade político-administrativa na região entre o Iraque e a Síria. “Se chegar a isso, o próximo passo seria a invasão do Líbano e, muito depois, por último, a guerra contra Israel. Aliás, esse é justamente o objetivo dos seus dirigentes. O Estado teria no petróleo sua principal e grande fonte de riqueza, mas também na agricultura”.

Ajuda emergencial

Com o tema “Perseguidos, mas nunca esquecidos”, a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) realizou, nos dias 6 a 9 de outubro, a Jornada Internacional de Oração pelo Oriente Médio. A iniciativa aconteceu em várias cidades brasileiras. A AIS já enviou também mais de R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais) desde junho, aos cristãos perseguidos no Iraque. Uma equipe do projeto está instalada naquele país para fazer as doações que chegam. As necessidades são diversas, mas as mais urgentes são água, alimentos e remédios. É importante o envio do comprovante ou repasse das informações (valor e data da doação) através do e-mail ajudairaque@ais.org.br.

Mais informações sobre o projeto e as contas para depósitos no site http://www.ais.org.br/ 

O mundo se une aos cristãos iraquianos perseguidos

Ao acessar redes sociais como o Facebook e o Instagram, por exemplo, você poderá se deparar com este símbolo: ن. Trata-se de uma letra árabe, o “nome”, que corresponde à letra “N” do alfabeto latino, que significa nazareno. Cristãos em todo o mundo manifestam com a insígnia, apoio aos iraquianos perseguidos por fanáticos do Estado Islâmico. Ao adotar o símbolo, as pessoas também declaram: “somos todos cristãos iraquianos”. Naquele país, os cristãos tiveram de escolher entre a conversão imposta, a fuga ou a morte e, para identificá-los, os extremistas marcaram todas as casas dos cristãos, muitas vezes com o símbolo escrito com um círculo. Pela primeira vez em dois mil anos não existe nenhum cristão em Mossul, cidade no norte do país, cerca de 400 km de Bagdá, capital do Iraque.


A história da Igreja registra que os grandes missionários foram pessoas capazes de deixar o próprio conforto, o estilo de vida comum, para se doar ao próximo e aos projetos de Deus. Temos exemplos desse compromisso na Igreja de Goiânia, mas a realidade mostra que é preciso mais.

O estado permanente de missão supõe que a comunidade cristã tenha consciência de que ela é por sua natureza missionária (CNBB/Doc.100)

Missão pressupõe sair, renunciar ao egoísmo, ao comodismo e “lançar as redes para a pesca” (Lc 5,4-5). O decreto Ad Gentes (Para os povos), escrito pelo papa Paulo VI em 1965 exorta: “A Igreja peregrina é, por sua natureza, missionária, visto que tem a sua origem, segundo o desígnio de Deus Pai, na ‘missão’ do Filho e do Espírito Santo”.

A essência da Igreja é missionária e cabe a ela arriscar mais, ver novos horizontes, confrontar com um mundo em que 70% da população ainda não conhece Jesus Cristo, mesmo que para reverter esse quadro seja preciso se submeter a situações de desconforto e insegurança.

A Arquidiocese de Goiânia, que tem uma população estimada em 2,3 milhões de habitantes, conta com a presença de missionários vindos de outros países. É o caso do monsenhor Jean Auguste Louis Biraud, sacerdote francês que chegou ao Brasil em 1969, aos 49 anos de idade. Naquela época, havia muitos padres na Europa e era comum a maioria se tornar missionário em países distantes como a Índia e o Brasil, além de países do continente africano.

“O bispo da Diocese de Luçon, na França, se preparava para me transferir para outra paróquia e eu pedi para servir nas missões”, relembra o monsenhor. Ele respondeu ao chamado que o acompanhava desde os tempos de seminário. No mesmo navio, veio com ele mais 32 jovens missionários, entre leigos, religiosos e sacerdotes. Depois de ficar quatro meses em Petrópolis (RJ), estudando a língua portuguesa, segundo ele a maior dificuldade que encontrou no Brasil, chegou enfim a Goiânia.

Para o monsenhor Jean, não há “grandes” explicações quanto aos motivos que o levaram a se doar pelas missões. “Simplesmente eu queria me doar pelas pessoas mais pobres de alguma forma. Não fui feito para viver na França e com muita insistência consegui me tornar missionário”. O papel do missionário, segundo ele, se resume em “ficar muito próximo do povo, proporcionar o encontro com as pessoas, celebrar com as pequenas comunidades e viver de verdade a Palavra de Deus”.

Há 22 anos no Brasil, a italiana irmã Amélia Biolchi é religiosa do Instituto Abrigo Coração de Jesus.

Ao comentar sobre a escolha de se tornar missionária, ela explica que se trata de uma decisão do próprio Deus, e que consiste em seguir os passos de Jesus. “Quando foi preciso, Jesus saiu, foi lá e deu esperança e vida ao povo, assim também nós, cristãos, precisamos ser essa presença missionária no mundo”. Desde que chegou ao Brasil, a religiosa sempre atuou na Arquidiocese de Goiânia. A missão, para ela, significa “tornar mais conhecido o amor de Deus, anunciar a justiça e libertar os oprimidos”.

Mais recentemente, em 2008, chegou à Arquidiocese de Goiânia o também italiano monsenhor Carlo Tessari, 70 anos, pároco da Paróquia Santa Clara e São Francisco de Assis, no município de Aparecida de Goiânia. O sacerdote está no Brasil desde 1979, quando tinha 36 anos. Conhecer a experiência de amigos no sertão pernambucano o fez também querer tonar-se missionário. Ao lançar o seu primeiro olhar sobre aquela realidade, constatou como o povo vivia. “Era uma situação de pobreza, de carência de padres e com isso surgiu o desejo de servir à Igreja no Brasil”. Além de Goiânia, ele trabalhou por 18 anos na Diocese de Afogados da Ingazeira (PE), de 1979 a 1991; passou por uma rápida experiência na ilha de Marajó (PA), retornando àquela diocese pernambucana nos anos de 1996 a 2001. A Igreja de Goiânia, na visão dele, vive uma dimensão missionária permanente, com grandes periferias que precisam ser evangelizadas e revitalizadas. Para isso, é necessário um despertar vocacional missionário. “A Igreja precisa olhar a imensidão da messe que ainda não conhece Jesus salvador e as urgências pastorais locais não podem fechar o olhar para o tamanho universal do horizonte missionário”.

Números

A realidade da Igreja no mundo é outra, totalmente diferente daquela que o monsenhor Jean Biraud encontrou quando deixou a França. Dados da Agência Fides para o Dia Mundial das Missões de 2011 dão conta de que o número de sacerdotes no mundo aumentou em 1.427 em relação a 2010, chegando a 410.593. Mas na Europa, eles vêm diminuindo gradativamente. Em 2011 houve uma queda de 1.674 sacerdotes. Os religiosos não sacerdotes também diminuíram em 445 e os seminaristas maiores, aqueles que estudam filosofia ou teologia, também, em 347.

Sobre essa nova realidade, irmã Anna Maria Buchini, religiosa italiana que está no Brasil há 20 anos, e na Arquidiocese há oito, diz que a Igreja particular de Goiânia, precisa se preocupar. “A Igreja de Goiânia tem crescido muito ao longo de sua história missionária. Recebeu muitos missionários e hoje é capaz de lançar as redes em outros mares, deixando que outras cidades recebam missionários”. Goiânia tem hoje cerca de 40 missionários estrangeiros, sendo 20 mulheres (irmãs religiosas) e 19 homens (sacerdotes).

A Igreja não tem números exatos catalogados sobre a quantidade de missionários estrangeiros no Brasil. O Centro Cultural Missionário (CCM) de Brasília (DF), organismo de formação missionária ligado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) informou que em 2013 passaram por aquela casa 633 missionários. As Pontifícias Obras Missionárias (POM), organismo oficial da Igreja para a animação e cooperação missionária universal, faz um levantamento de missionários brasileiros no exterior. Até o momento foram catalogados 1.200. Estima-se que eles sejam em torno de 1.500 e que de 80 a 90% deles sejam religiosas.

Campanha Missionária 2014

Todos podem fazer a sua parte em prol das missões no Brasil e no mundo. As POM anualmente realiza a Campanha Missionária no mês de outubro. Neste ano, o tema é “Missão para libertar” e o lema “Enviou-me para anunciar a libertação” (Lc 4,18), em consonância com a Campanha da Fraternidade que questiona a realidade do tráfico humano. Com a Campanha Missionária, as POM juntamente com todas as dioceses do Brasil, quer intensificar as iniciativas de informação, formação, animação e cooperação, além de despertar para a vida e as vocações missionárias.

A coleta para fins missionários, de sustento das atividades de promoção humana e de evangelização em todos os continentes, acontece em todas as paróquias no fim de semana do Dia Mundial das Missões, dias 18 e 19 de outubro. O dinheiro coletado nesses dias deve ser revertido totalmente para a causa.