Resenha do Filme Maré Vermelha: quando a liderança pode salvar vidas ou definir situações

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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

A Marinha dos Estados Unidos da América (EUA) ordena que o capitão Frank Ramsey (Gene Hackman) um militar tradicional e o primeiro oficial Ron Hunter (Denzel Washington) contenham uma possível Guerra Nuclear que pode se desencadear na 3ª Guerra Mundial instaurada por rebeldes russos.

Os dois estão a bordo de um submarino de mísseis nucleares e juntos devem tomar a decisão mais acertada para que um míssil não seja disparado e um “holocausto nuclear” aconteça. Os russos se apoderaram de um míssil que pode ser usado contra dos EUA. É aí que tem início o enredo do longa de 1995, dirigido por Tony Scott (A Perseguição).

Maré Vermelha é um filme cujo roteiro gira em torno da tensão criada pelo ego do capitão Ramsey e a racionalidade do seu imediato, Hunter. Num dos primeiros encontros dos dois, o capitão deixa claro que não gosta de puxa-sacos. Hunter, por sua vez, não entende o que Ramsey quer dizer com aquelas palavras. Se esse fosse o problema, porém, o impasse que o mundo vivera no submarino Alabama poderia ter sido resolvido com menos atritos e mais facilidades.

As palavras de Ramsey e as respostas de Hunter não negam as diferenças de personalidade no comando do submarino. Trata-se de duas lideranças distintas. Hunter é ponderado, ouve opiniões e respeita espaços. Ele é aquele tipo de liderança que faz o trabalho em sintonia com o grupo e consegue com facilidade tomar decisões coerentes de acordo com as exigências da realidade.

O personagem de Denzel Washington é um líder carismático, ou seja, o tipo de líder que parece ter inspiração divina, que causa nos liderados confiança, obediência espontânea, aceitação e envolvimento emocional. São qualidades que predominaram no tipo de liderança de Hunter porque ele estava fazendo o que era correto. Sem temer, ele acreditou nisso até o fim e os seus subordinados o seguiram pelo exemplo da verdade.

Ramsey, por sua vez, é o líder coercitivo. Que exerce sua liderança através da violência, seja ela verbal ou física. Em vários trechos do filme é possível observar que o capitão não consegue controlar os próprios impulsos. Ele grita, manda calar a boca, faz afirmações como aquela “quem manda aqui sou eu. Não aceito suas supervisões. Nosso regulamento não é aberto a interpretações”. E parte para a violência quando sente que não há mais possibilidade de argumentar verbalmente, como no trecho em que dá três socos em Hunter.

O capitão Ramsey é também o líder narcisista: difícil de lidar. Não escuta, não quer aprender com os outros e não ensina. Há, porém, um ponto positivo nesse tipo de líder: ele consegue envolver os liderados por conta de suas visões objetivas. Foi o que ocorreu quando mesmo preso em seu quarto, sob vigilância de marinheiros, Ramsey, consegue atrair para si um número considerável da tripulação para voltar a assumir sob violência o comando do Alabama.

Com base nesse filme, podemos chegar à conclusão de que a liderança carismática se sobressaiu à narcisista e coercitiva. O envolvimento de Hunter foi decisivo para que a tensão tenha sido controlada e o mundo salvo. Foi uma situação extrema, é claro, pois o  futuro do planeta estava em jogo. Mas em nosso meio, em pequenas situações, é possível nos depararmos com casos semelhantes. É aceito, seguido, e até reverenciado e tomado como exemplo o líder que espelha confiança, inteligência, objetividade, humildade e companheirismo, principalmente quando se trata de uma situação difícil e perigosa, ou de tensão e que exija controle.

No fim do filme, Hunter é reverenciado por toda a tripulação por ter acreditado naquilo que estava fazendo. Ele acertou em não disparar o míssil, pois quando a comunicação do submarino foi restaurada após um ataque dos rebeldes russos, o comunicado urgente revelou que os inimigos tinham se rendido. Ele salvou o mundo do temido “holocausto nuclear” e o capitão Frank Ramsey entregou-lhe as chaves (poder) num momento simbólico do longa-metragem em que reconhece a competência e o carisma do líder Ron Hunter ao dizer a seguinte frase: “Mr. Hunter está no comando”.

O desfecho do filme mostra outro momento de reconhecimento do capitão: “Você estava certo, eu errado”, após Hunter lhe agradecer por ter reconhecido perante a cúpula da Marinha Americana o excelente serviço prestado ao país. 




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