Os ministros da presidente Dilma Rousseff parecem, um a um, chamar a crise. Desde que entrou no governo, essa tem sido sua maior dor de cabeça: as denúncias de corrupção nos ministérios. O pior é que nenhum dos ministros, até o momento, mostrou cacife para administrar os seus próprios problemas sem que para isso não tenha que envolver a cúpula do Governo Federal.

Lupi, um pouco mais falastrão do que Orlando Silva e um pouco menos que Nelson Jobim saiu na terça-feira, 8, com aquilo que jamais poderia ter dito: "Alguns acharam que era melhor que eu tivesse saído. Para me tirar, só abatido à bala. Tem de ser uma bala pesada, porque sou pesadão", afirmou o ministro após reunião com parlamentares do PDT na sede do partido.

Os parâmetros do Governo Dilma para administrar crises, principalmente nos meios de comunicação, onde se alastram em maior proporção, têm sido inúteis e remado em sentido contrário para fazer a crise ganhar mais força. O mínimo que o Governo deveria possuir, após dez meses do início da gestão Dilma e a queda de cinco ministros por corrupção, é um bom manual de gestão de crises. Ali teria um capítulo especial que diria que é indispensável um porta-voz capacitado para administrar a crise e o fluxo de informações entre a assessoria de comunicação, a imprensa e a sociedade.

As assessorias de comunicação dos ministérios mostram, através das sucessivas quedas de ministros, que não estão preparadas e não são ouvidas pelos mesmos como deveriam para lidar com as crises. Se não tem porta-voz, antes de qualquer ministro sair falando o que lhe dá na telha, é preciso haver um diálogo antes com a assessoria de comunicação, para que depois não venha a ocorrer um puxão de orelhas como aquele desta quarta-feira, 9. Através da ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) Dilma mandou enquadrar Lupi por causa das declarações que ela (Dilma) considerou como quebra de hierarquia. O ministro, por sua vez, saiu com esta nesta quinta-feira, 10. “Presidenta Dilma, peço desculpas: eu te amo!”. É assim que têm sido geridas as crises no Governo Dilma.

Uma das grandes faltas é que não tem havido controle da situação porque não se investe em pessoas qualificadas para gerir o problema pela raiz. Já se sabe desde a queda de Antonio Palocci que a fragilidade do atual governo é a corrupção. Mesmo neste cenário, o problema não é tratado com a atenção que merece. Resultado: mesmo com atitudes rápidas da presidente, a imagem tanto do seu governo como dos ministérios têm saído arranhadas. É só perguntar se os brasileiros consideram hoje os ministérios que as respostas serão, na melhor das hipóteses, negativas.

Já está mais do que na hora de o Governo apenas responder aos ataques de corrupção; atitudes mais firmes como retirar o ministro da pasta no momento das investigações devem ocorrer para que não haja interferência do acusado. Ganha a imagem e a reputação dos envolvidos. Não é possível que continuaremos assistindo a novas denúncias vendo os envolvidos encararem os fatos como surpresas sempre. O monitoramento da situação é outro ponto que deve ser considerado.


O roteiro do segundo longa-metragem dirigido por Selton Mello é desenvolvido num paralelo entre a seriedade do personagem Benjamin, o palhaço Pangaré (Selton Mello) e o humor do Circo Esperança e seu quadro de artistas.

O foco central da comédia, que também é um drama centrado na vida de Benjamin, busca resolver duas inquietações do palhaço: Quem sou e onde estou? “O gato bebe leite, o rato come queijo e eu sou só um palhaço”, frase ensinada pelo pai de Benjamin, o palhaço Puro Sangue (Paulo José) não é suficiente para fazer Pangaré deixar de se questionar sobre seu trabalho e sua vida e ele quer ir além do picadeiro.

Impressiona a sensibilidade de Selton Mello em desenvolver dois papéis num mesmo personagem sem se deixar influenciar por um ou outro, ou seja, sem deixar cair a qualidade das cenas com a interferência de personalidades distintas. Selton consegue dá vida à jovialidade do palhaço Pangaré e às aflições do ocupado e cheio de problemas, Benjamin.

Com roteiro objetivo, um toque de humor e seriedade do início ao fim do longa na medida certa, “O Palhaço” convence pelo elenco composto por atores experientes que correspondem ao foco do filme, como os comediantes Moacyr Franco (Delegado Justo) e Jorge Loredo (Nei), e pela bela fotografia e locações que se passam no interior do Brasil, mais precisamente no estado de Minas Gerais. Aqui vale acentuar as panorâmicas hora e outra colocadas em destaque abrindo horizontes nas serras de Minas com o objetivo de levar ao infinito os pensamentos do personagem de Selton Mello (Benjamin) que deseja conhecer a si mesmo. O Palhaço encanta também pelo pouco uso de efeitos visuais banalizados no cinema de hoje.

Vale a pena assistir.