Com o objetivo de divulgar a forma de educação bilíngue no Brasil, sua demanda, procura e conseqüências para a educação de crianças de dois a dez anos de idade, os jornalistas responsáveis pelas matérias educativas da Revista Veja, Camila Antunes e Marcos Todeschini, abordam na matéria “Yes, nós somos bilíngües”, as várias opções de como os pais podem educar os filhos numa escola bilíngue sem afetar negativamente o aprendizado da criança na língua materna, bem como atrasá-la e desestimulá-la no ensino infantil. Por meio de dados são mostrados os benefícios que traz a inserção da criança numa língua estrangeira, mas também os cuidados a serem tomados em relação a essa forma de educar.

O texto tem sua narrativa centrada na inserção precoce de crianças nesse tipo de escolas que cresceu, segundo a matéria 25% em dois anos, de 2005 a 2007. Em contraponto, é exposto que, da mesma forma os adultos podem aprender e dominar uma língua estrangeira, mas que, no processo de aprendizagem, deve ser exercitada freqüentemente por ter sido estudada tardiamente e, diferentemente das crianças, ser armazenada em uma região do cérebro menos conectada com a fala.

A matéria tem um alcance importante para a classe média brasileira, a qual é a grande leitora da revista Veja, que tem condições financeiras de arcar com mensalidades que chegam a dois mil reais mensais. Sua validade tem um caráter restrito para essa pequena parcela da sociedade brasileira, pois como se sabe, se formos pensar na totalidade da nossa população, essa matéria não passa de um desrespeito para milhares de crianças, jovens e adultos que não têm nem mesmo como estudar numa escola pública.

O assunto está bem conciso no que diz respeito à clareza e objetividade, sendo que sua precisão e profundidade na apuração de dados, entrevistas, fotografias, ajudaram para seu sucesso.


O autor Carlos Carone, influente jornalista investigativo do Jornal de Brasília, e exímio profissional na área, sempre com boas matérias sobre o assunto, apresenta de forma neutra, como condiz a norma de redação jornalística, o protesto contra a violência da população da Cidade Ocidental que fica no entorno do Distrito Federal a 54km de Brasília. Primeiro é abordado uma estatística do Ministério da Justiça que mostra o DF como uma das 11 regiões metropolitanas com o maior indicador de assassinatos no Brasil entre 15 e 29 anos, onde são mortos 69,4 para cada grupo de 100 mil habitantes, sendo que o índice nacional é de 33,8 mortos para cada coeficiente. No subtítulo da matéria, “Manifestação por justiça e paz”, Luciene Cruz, outra jornalista, humaniza o assunto de seu companheiro com a apresentação dos pais da vítima Raiane Maia, 14 anos, como puxadores do manifesto e a dor da mãe da menina que desabafa pela perda da filha. Noutro ponto, é colocada a articulação do Governador de Brasília, José Roberto Arruda, junto ao governo federal para solucionar a violência do entorno com a construção de presídios e a intervenção da Força Nacional de Segurança.

O foco narrativo dos autores se coloca entre as articulações do governo em amenizar a situação de violência do entorno, a manifestação da população local perante a impunidade aos bandidos, e os rumos investigativos da Polícia Militar para solucionar o caso do assassinato de Raiane Maia e Natália Oliveira, 17 anos, esta última também vítima.

Diante de tal texto jornalístico, eu como leitor, sou informado da situação de emergência que se passa no entorno do DF. E a pensar sobre o quadro de desinformação que o povo brasileiro tem, como espectadores e audiência do jornalismo brasileiro, pois, saber que a Cidade Ocidental tem índices de violência maiores do que os números divulgados sobre a violência do Rio de Janeiro é uma novidade e uma frustração para com o jornalismo do país que centraliza o cenário carioca em detrimento do restante do país, como se Brasil fosse somente o sudeste.